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terça-feira, 31 de julho de 2018

Textos & Pensamentos: Luta Interior



Wayne era seu nome, mas todos o chamavam de Way. Não que ele se importasse, era apenas um nome e apelido. Para dizer a verdade ele não se importava nem um pouco com qualquer coisa que fosse a seu respeito. De tanto escutar comentários sobre sua aparência, estilo de vida e todas as outras coisas pelas quais ele se interessava (livros, séries, filmes, animes), Wayne apenas parou de se importar. Pelo menos era isso que ele dizia pra si mesmo e sabia que era uma completa mentira, mas pelo menos as pessoas não saberiam que era o contrário. Não se ele continuasse atuando. Sim, Wayne era um ótimo ator.
Todos os dias ele tentava executar seu "papel" da melhor maneira possível: ia para a escola com um belo sorriso estampado no rosto, "se divertia" com seus colegas de sala e as vezes era como se fosse uma diversão real mesmo... as vezes até saía com uma garota ou outra que se interessasse por ele. De fato, ele até apreciava estar com alguma garota, mas a verdade é que não conseguia manter uma conversa muito longa com ninguém e esse era o motivo pelo qual nunca tinha tido uma namorada. Não queria que ninguém conhecesse seu verdadeiro eu. Era tão obscuro.
A pior parte era quando estava sozinho, mas o engraçado é que essa era também a melhor parte. Como explicar? Começando pela parte pior: ele tinha mais tempo para pensar em coisas que não gostaria de pensar... sempre acabava fazendo algo que ele sabia que fazia mal para si mesmo, mas não conseguia evitar e esse era seu grande medo. Não conseguir evitar. Gostaria que essa luta em seu interior findasse, só não sabia o que precisava fazer para que acabasse. Sentia tanta raiva de si mesmo, mas por quê? E as vezes em alguns de seus acessos de raiva, lutava com a parede. Não sentia dor física, não no momento. Talvez a raiva fizesse com que a dor não desse as caras. Enfim, a melhor parte, é que não precisava atuar quando estava sozinho, era ele mesmo. Wayne. Sem falsos sorrisos ou mentiras. E gostava de não precisar fingir.
Acontecia sempre. Seus pensamentos eram como um amigo familiar, na prática um "amigo da onça". Não! Seus pensamentos, essas vozes em sua cabeça dizendo coisas das quais ele já estava acostumado a ouvir e sentir, esses pensamentos.. essas vozes.. eram na verdade um inimigo. Um inimigo que o quebrava todos os dias de formas diferentes nessa luta interior da qual Wayne sempre tentava sobreviver. Essa luta o machucava. E ele já havia pensado em compartilhar sua dor com alguém, mas ficou com tanto medo de ser julgado que preferiu continuar guardando a sete chaves.
Gostava de observar o céu, em especial a lua em suas fases, ela era tão linda! A lua, as músicas, os livros, as séries, os filmes, os animes, eram suas formas de escapar. Contudo no fim isso "não significava coisa alguma". "Significava tudo". Não era nada e era tudo. Seu inimigo o encontrava, não dava para fugir. A luta interior corria por suas veias. Tão estranho. Essa luta o quebrava..
"Mas não era nada". "Era tudo". "Não significava coisa alguma". "Significava tudo". As vozes continuavam a dizer.. Wayne sabia como acabaria, sim ele sabia. 
Estava quebrando-o. 
Ele estava desmoronando.. 
Ele estava desmoronando... 

Escrito por Sara Santos.

2 comentários:

Rafael Luiz Santos SILVA disse...

eu vi a mim mesmo neste texto, Sara. parabéns!

Lar Literário disse...

Muito obrigada!!

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